O Centro Takiwasi desenvolve projetos de intervenção em comunidades indígenas através do seu Laboratório de Produtos Naturais, que é a sua unidade de negócio e serve como uma empresa social na área do biocomércio no Peru.
Para produzir produtos naturais de elevada qualidade e valor acrescentado, inspirados no conhecimento ancestral da Medicina Tradicional Amazónica, Takiwasi trabalha com 74 famílias de produtores agroflorestais, em 21 comunidades indígenas e camponesas, formando-os para a gestão sustentável dos recursos florestais e garantindo-lhes um pagamento justo pela recolha e cuidado das plantas medicinais, tentando distribuir com equidade de género os benefícios económicos.
Através desta estratégia de articulação da cadeia de valor das plantas medicinais, o trabalho do Laboratório Takiwasi promove também a valorização e conservação de 19.655 ha da floresta amazónica. Também trabalha para ajudar as comunidades nativas a fortalecer o controlo sobre os seus conhecimentos ancestrais relacionados com o uso de plantas medicinais. Desde 2006, 180 terapeutas indígenas foram acompanhados no registo de 236 receitas medicinais à base de plantas no Registo Nacional de Conhecimento Coletivo dos Povos Indígenas do Instituto Nacional de Defesa da Concorrência e Proteção da Propriedade Intelectual-INDECOPI.
Um exemplo deste trabalho é o Projeto de Conhecimento Medicinal da Amazónia: um projeto de recuperação do conhecimento em plantas medicinais amazónicas em Comunidades Awajun e Quechua-Lamistas da região de San Martín.
Uma parceria estreita desenvolveu-se agora com a associação de produtores de plantas medicinais "Ampik Sacha", na qual o Centro Takiwasi formou 45 produtores indígenas em boas práticas de fabrico e gestão, para integrar progressivamente a gestão produtiva e comercial de uma linha de preparações naturais. Um resultado deste trabalho é a linha Sumak de infusões amazónicas. Juntamente com eles estabelecemos custos de produção garantindo um pagamento justo e um lucro líquido para a recolha e cuidado das plantas medicinais e aromáticas.
De 2015 a 2024 o Laboratório Takiwasi, em parceria com a ONG Conservación Internacional, executou uma série de projetos de cooperação em benefício da comunidade nativa de Awajún de Shampuyacu, com um foco especial na recuperação de conhecimentos ancestrais ligados às plantas medicinais e aos seus usos. Desta forma, um espaço de nove hectares conhecido como “Floresta das Nuwas” tornou-se um exemplo bem-sucedido de um processo de recuperação da biodiversidade e do conhecimento ancestral. Graças a este acompanhamento, as Nuwas (mulheres) de Shampuyacu conseguiram identificar e registar 110 espécies de plantas medicinais e aromáticas. O siguiente passo fue transformar este conhecimento numa linha de chás aromáticos com propriedades medicinais, sob uma abordagem de Biocomércio, garantindo um retorno económico justo à comunidade. Neste processo, Takiwasi treinou as Nuwas com workshops sobre procedimentos para o fabrico e controlo de qualidade das infusões, ao mesmo tempo que reflete sobre como devem estar organizadas dentro da comunidade e com os seus parceiros, para dar sustentabilidade económica a este projeto. As infusões Nuwa han sido lançadas no mercado em dezembro 2020.
O trabalho do Laboratório Takiwasi é considerado pioneiro na implementação de um esquema de partilha de benefícios ligado à utilização do conhecimento tradicional. Esta experiência foi sistematizada no âmbito de um estudo de caso “Conhecimento Tradicional e Biocomércio: A Experiência do Empreendedorismo Intercultural em San Martín” financiado e publicado pelo Projeto Peru Biodiverso, pelo Ministério do Ambiente e pelo Ministério do Comércio Exterior e Turismo.