Desde o início do seu funcionamento, o Centro Takiwasi tem avaliado continuamente as suas atividades, a sua população de pacientes e os resultados das intervenções terapêuticas. O artigo proposto a seguir resume alguns dos resultados mais notáveis registrados em publicações acadêmicas recentes sobre a eficácia de nosso modelo terapêutico. Ler: Resultados do Modelo de Tratamento de Dependências do Centro Takiwasi
No ano de 2002 e depois em 2008 foram publicados os resultados do tratamento de toxicodependentes em Takiwasi, com base numa avaliação interna. A primeira parte destes resultados está também incluída no livro “La Liana de los Muertos al Rescate de la Vida, 7 años de experiencia del Centro TAKIWASI”, Rosa Giove, Ed. Devida, 2002.
Neste estudo, a análise dos resultados do tratamento efetuado em TAKIWASI baseou-se no acompanhamento realizado aos pacientes no final do processo e que permaneceram no mínimo um mês no centro. Não foram tidos em consideração os pacientes que permaneceram menos de um mês porque somente realizaram a etapa de desintoxicação e não chegaram a iniciar o tratamento propiamente dito. O acompanhamento foi realizado durante dois anos após a saída dos pacientes.
Foram considerados pacientes em três situações: 1) Os que tiveram alta depois de cumprirem todo o seu tratamento e com aprovação da equipa terapêutica; 2) Os que saíram voluntariamente, antes de terminarem o seu processo; 3) Os que saíram sem avisar o Centro e sem terminarem o seu processo.
Foram classificados em 3 categorias: 1) Bem/Melhor para os que foram beneficiados pelo processo, curando-se por completo ou melhorando de maneira significativa, embora com necessidade de seguir um processo terapêutico; 2) Igual/Mal para os que não foram beneficiados de maneira evidente pela sua estadia em Takiwasi; 3) Desconhecido para os pacientes dos quais não se teve mais notícias depois da sua saída do Centro.
Gráfico 1. O gráfico mostra a situação global dos pacientes que realizaram o tratamento e demonstra a alta percentagem de êxito do nosso processo terapêutico (mudanças positivas para 54 em cada 100 pacientes).
Gráfico 2. O gráfico mostra a situação dos pacientes que terminaram o seu processo de tratamento, saindo do Centro após terem recebido a aprovação por parte da equipa terapêutica. Neste caso pode-se observar que a percentagem de êxito é ainda maior (mudança positiva para 67 em cada 100 pacientes).
Um estudo complementar efetuado em 2005 pela Lic. Anne Denys (Universidade de Nancy, França) no âmbito de um mestrado em saúde pública, reforçou estes dados, valorizando a dimensão qualitativa do protocolo e foi publicado pela Sociedade Francesa de Etnofarmacologia. Podem ler a publicação aqui (em francês).
O gráfico 3 que apresentamos de seguida mostra algumas das conclusões deste estudo. A avaliação exploratória baseou-se em entrevistas a 15 ex-pacientes voluntários realizadas em duas partes. Uma primeira parte centrada na prática do Centro e seus objetivos específicos. A segunda parte baseada num questionário padronizado - Escala de Gravidade de Dependência ou ASI - para avaliar o nível de dependência.
Os pacientes foram classificados em três categorias. Aqueles que estão Bem (não apresentam um consumo problemático e evidenciam uma situação geral equilibrada nos cinco aspetos explorados pelo ASI), aqueles que estão Melhor (situação melhorada mas ainda problemática num ou em vários aspetos explorados pelo ASI, inclusivamente se o uso de substâncias foi suspenso), e aqueles para os quais a situação é Igual (sem mudanças significativas).
Gráfico 4. Uma análise comparativa da população de pacientes do Centro Takiwasi conduzida por David O'Shaughnessy usando o ASI, mostra um nível mais alto de gravidade do vício em relação a uma população de pacientes dependentes nos Estados Unidos. Esta grande afetação do estado de saúde da população de pacientes que entram no Centro Takiwasi é observada principalmente nas áreas da Família, Consumo de Drogas e Sintomas Psiquiátricos.
Grafico 5. David O'Shaughnessy em sua tese de doutorado mostrou melhora, ao longo do tratamento, em condições conhecidas por influenciar dramaticamente a reabilitação, como o estresse e o desejo de consumir.
Grafico 6. Um estudo naturalístico, conduzido por Berlowitz et al. e publicado em maio de 2019 no Journal of Psychoactive Drugs, investigou os efeitos terapêuticos de curto prazo do protocolo de tratamento da dependência de Takiwasi. O estudo mostrou melhorias significativas após o tratamento para quase todos os fatores examinados, incluindo: gravidade dos sintomas de dependência (uso de drogas, consumo de álcool, estado psiquiátrico, relações sociais / familiares), desejo de consumir, estresse emocional (ansiedade e sintomas depressivos), bem como qualidade de vida em geral, com mudanças significativas relatadas.
De seguida são apresentadas as conclusões principais de diferentes investigações realizadas em Takiwasi por estudantes e investigadores externos que analisaram e comprovaram a eficácia do tratamento oferecido aos pacientes dependentes.
Autores: Ilana Berlowitz, Heinrich Walt, Christian Ghasarian, Fernando Mendive, Chantal Martin-Soelch
Publicado en Journal of Psychoactive Drugs, May 2019.
Autores: Cecile Giovannetti, Sara Garcia Arce, Brian Rush, Fernando Mendive
Publicado en Journal of Psychoactive Drugs, Agosto 2020.
Autores: David M. O’Shaughnessy, Ilana Berlowitz, Robin Rodd, Zoltán Sarnyai, Frances Quirk
Publicado en Therapeutic Advances in Psychopharmacology, Vol. 11: 1-18, Janeiro 2021.
Autor: David O’Shaughnessy
Tese de Doutorado, Faculdade de Medicina, Universidade James Cook, Austrália, agosto de 2017. Título original: “Takiwasi: Addiction treatment in the Singing House”.
Autor: Miroslav Horák
Publicado pela Faculdade de Desenvolvimento Regional e Estudos Internacionais, Universidade de Mendel em Brno, Republica Checa, 2013, pp. 184. Título original: “The House of Song. Rehabilitation of Drug Addicts by the Traditional Indigenous Medicine Of The Peruvian Amazon”.